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4 lições da filosofia estoica para a boa vida corporativa

Rafael Brandão

Um dos meus temas prediletos com amigos no trabalho é como usar princípios filosóficos para trabalhar e viver melhor. Soa estranho a princípio, mas olhando com pouco mais de atenção faz bastante sentido. A maioria das pessoas quando pensa em filosofia automaticamente pensa em longos (e chatos) livros tentando decifrar as questões mais complexas da humanidade e sem uma resposta objetiva, mas a filosofia nasceu com uma simples missão: ser guia prático para viver melhor e minimizar o sofrimento, seja na vida pessoal ou no trabalho. 

Parece sim um tema super distante da realidade moderna, mas se observamos hoje os grandes gurus de liderança e cultura empresarial, autores de best sellers como Carol Dweck, Simon Sinek e Peter Drucker não trazem grandes novos conceitos, mas na verdade (em sua grande maioria) trazem a aplicação de conceitos milenares do oriente e da filosofia ocidental, colocados de maneira simples para fácil digestão e aplicação.

A atual diminuição do contato humano, da sensação de pertencer e das religiões como guia de vida tem aberto uma oportunidade para a filosofia retornar como ferramenta importante na busca da vida bem vivida, especialmente para os que escolheram carreiras no mundo corporativo, onde a complexidade, ambiguidade e a distância do produto final dificultam a conexão e propósito com o ato de trabalhar. 

Entre as escolas que tem feito sucesso entre líderes e executivos se destaca a escola Estoica, fundada por Zenão na Grécia no século 3a.C foi popularizada por romanos como Sêneca e Marcus Aurelius. Eu particularmente me identifico muito com os princípios e pude notar clara melhoria na minha relação com o trabalho, produtividade e harmonia nas relações interpessoais a partir do momento que comecei a usá-las no meu dia-a-dia. Na esperança de ser útil também para vocês, compartilho aqui quais são pra mim as mais valiosas lições da filosofia Estoica para viver bem no mundo corporativo: 

Separe o que você controla do que não controla

O que controlamos são nossos pensamentos e ações. O que não controlamos? Todo o resto. Não sofra com fatos e atos que você não pode alterar ou influenciar, mesmo que não goste ou concorde. Aceite-os e foque no que está dentro do seu controle 

Se prepare para o pior

Ser otimista é fantástico, mas ser realista também é importante. Toda boa história conta com o momento que narrador entra e diz “E aí as coisas começaram a piorar...” e a sua e a minha não serão diferentes. O universo é caótico e por consequência todas organizações que criamos também são - ordem, controle e paz são possíveis, mas por tempo limitado. O que torna a vida excitante é andar na linha tênue entre o caos e a ordem, entre comodidade e aventura, então aprecie profundamente os momentos de ordem e tome os desafios do caos como oportunidades de aprendizado e não como má sorte.  

Opte pelo caminho que lhe abre mais portas

Planejamento profissional (e de carreira) é importante, mas em uma equação tão complexa como essa ninguém consegue prever perfeitamente cinco anos à frente, e o que te encanta hoje pode deixar de ser tão interessante muito em breve. A mais eficiente maneira de otimizar suas decisões presentes é priorizar aprendizado e flexibilidade. Sempre que tiver que fazer uma escolha de carreira se pergunte: qual dos caminhos me dá mais opções no futuro?  

Tenha o mínimo possível, dependa de quase nada

Inflação de ego e estilo de vida é uma das coisas mais comuns no mundo corporativo, levando muitas pessoas a ficarem reféns de suas carreiras sem poder explorar outros caminhos por conta de débitos e compromissos que firmaram uma década atrás ou a ambição incessante por títulos e status. Menos compromissos naturalmente tornam você menos “obrigado a trabalhar”, fazendo a vida profissional mais leve e divertida. Outro ponto positivo é que você pode tomar mais riscos, ser mais vulnerável e por consequência ter mais coragem para testar coisas novas, e por fim tolerar menos atividades indesejadas ou que não conduzem ao nenhum tipo de crescimento. Compre o que te faz feliz, assuma compromissos que lhe completam, tenha ambição por crescimento, mas não dependa de nada disso para preencher a lacuna de propósito e autoestima. 

“Nas suas ações não procrastine, nas suas conversas não confunda. Nos seus pensamentos não se perca. Na sua alma não seja passivo ou agressivo. Na sua vida, não seja só sobre trabalho.”

— Marco Aurélio

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Publicado originalmente aqui.

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